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Ele olhou-a profundamente nos olhos. Não era a primeira vez que partilhavam uma cama, mas era a primeira vez que partilhavam mais do que os seus corpos, embora, talvez, ela não o soubesse. Foi como se a visse pela primeira vez. Ela era tudo o que ele sempre desejará sem nunca sequer o ter feito. Devia se sentir assustado, pensou. Mas não conseguia. Ela transmitia-lhe uma segurança quase palpável e ele não podia deixar de sentir que lhe pertencia. E ele que nunca acreditara no destino, deu consigo a pensar que aquilo não era nem podia ter sido um mero acaso ou apenas uma coincidência. Ela pertencia-lhe. Sempre o tivera pertencido. E todas as outras mulheres que pelos seus braços tinham passado tinham sido pequenos esboços daquilo que sempre lhe estivera reservado e que ele apenas ainda não tinha encontrado. De certa forma, ela era a sua primeira mulher. A sua primeira e última mulher. Talvez ela não o soubesse, ainda. Mas ele sabia-o. E isso bastava-lhe. Tempo era o que ele mais tinha para lhe dar e agora que ali estava tinha a certeza que não ia a lado algum.
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