sexta-feira, setembro 22, 2006

Sou tua, Deus sabe porque, já que compreendo
Que haverás de abandonar-me, friamente, amanhã,
E que embaixo dos meus olhos, te encanto
Outro encanto o desejo, porém não me defendo.
Espero que isto um dia qualquer se conclua,
Pois intuo, ao instante, o que pensas ou queiras
Com voz indiferente te falo de outras mulheres
E até ensaio o elogio de alguma que foi tua.
Porém tu sabes menos do que eu, e algo orgulhoso
De que te pertence, em teu jogo enganoso
Persistes, com ar de ator dono do papel.
Eu te olho calada com meu doce sorriso,
E quando te entusiasmas, penso: não tenhas pressa
Não es tu o que me engana, quem me engana é meu sonho


O Engano
Alfonsina Storni
Não quero dizer Adeus. Essa palavra forte e cheia de tristezas e enganos. Não quero ir. Não quero que vás. Quero construir muito mais. Quero fazer castelos de areia e acreditar que eles são reais. Porque eles são tudo o que temos. E o que temos é tão bonito... e é muito mais valioso do que poderemos ter sem o outro. Neles somos tudo o queremos e imaginamos e dançamos as nossas valsas num tempo que não existe. Somos felizes. E isso basta.
"...o tempo avança com cinza, com ar e com água! A pedra que o lodo e a angústia morderam floresce com prontidão com estrondo de mar, e a pequena rosa regressa ao seu delicado túmulo de corola.O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade? Nada..."
Pablo Neruda
Depois de um dia como este...em que caí, fui derrubada mas de novo me pus de pé, sinto-me respirar fundo, encher os pulmões de ar e ficar cheia de vida força e determinação. Sinto-me de novo capaz de enfrentar o mundo que passa por nós. Sinto-me dona da minha própria sorte. Porque o caracter de um homem é o seu destino.