terça-feira, outubro 31, 2006

A morte não é um acontecimento da vida. A morte não pode ser vivida. Caso se compreenda por eternidade não uma duração temporal infinita, mas a intemporalidade, quem vive no presente é quem vive eternamente. A nossa vida é tanto mais sem fim quanto mais o nosso campo de visão não tem limites.

Ludwig Wittgenstein, in 'Tratado Lógico-Filosófico'

Seis Virtudes que se Podem Tornar Defeitos

Conheceis as seis virtudes e os seis defeitos nos quais pode cair aquele que quer praticar as seis virtudes sem conhecê-las bem? O defeito daquele que quer ser benfeitor e não quis aprender a sê-lo, é a falta de discernimento; o defeito daquele que ama a ciência e não ama o estudo, é o de cair em erro; o defeito daquele que gosta de cumprir promessas e não aprendeu a fazê-las, é prejudicar os outros, prometendo-lhes e dando-lhes coisas nocivas; o defeito daquele que ama a franqueza e não aprendeu a praticá-la é o de aconselhar a repreender muito livremente sem nenhuma consideração para com as pessoas; o defeito daquele que gosta de mostrar coragem e não aprendeu a saber doseá-la é perturbar a ordem; o defeito daquele que ama a firmeza de alma e não aprendeu a limitá-la é a temeridade.

Confúcio, in 'Os Anacletos'


O amor bem nutrido e excessivamente submisso logo nos enjoa e cansa, como o excesso de uma iguaria agradável cansa o estômago (Ovídio). Julgam que os meninos de coro têm grande prazer com a música? A saciedade toma-a antes tediosa. Os festins, as danças, as mascaradas, os torneios alegram os que não os vêem amiúde e que desejaram vê-los; mas para quem o faz habitualmente o seu gosto torna-se insípido e desagra­dável; também as mulheres não excitam aquele que delas desfruta à saciedade. Quem não se dá tempo para sentir sede não poderia ter prazer em beber. As farsas dos saltimbancos divertem-nos, mas para os actores servem de obrigação. E a prova disso é que para os príncipes são de­lícias, é festa poderem às vezes travestir-se e descer à for­ma de vida baixa e popular, frequentemente aos grandes apraz mudar; e refeições frugais e asseadas sob o tecto de um pobre, sem tapete nem púrpura, desenrugaram-­lhes a fronte inquieta (Horácio).Não há nada tão incómodo, tão enjoativo quanto a abundância. Que apetite não se repugnaria ao ver tre­zentas mulheres à sua mercê, como as que tem o grande se­nhor no seu serralho? E que prazer e que espécie de ca­çada buscara aquele ancestral seu que nunca ia para os campos com menos de sete mil falcoeiros? E, além disso, creio que esse brilho de grandeza causa inconveniências não insignificantes no gozo dos prazeres mais doces: eles ficam iluminados demais e expostos demais.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'

segunda-feira, outubro 30, 2006

Há quem desista da vida... Eu, pelo contrário, acho que foi a vida que desistiu de mim...

terça-feira, outubro 24, 2006

Damien Rice

The Blower's Daughter

And so it is /Just like you said it would be / Life goes easy on me / Most of the time / And so it is / The shorter story / No love, no glory / No hero in her sky

I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes...

And so it is / Just like you said it should be /We'll both forget the breeze / Most of the time / And so it is / The colder water / The blower's daughter / The pupil in denial

I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you /I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes off of you / I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you? / Did I say that I want to / Leave it all behind?

I can't take my mind off of you / I can't take my mind off of you / I can't take my mind off of you / I can't take my mind off of you / I can't take my mind off of you /I can't take my mind... / My mind... / my mind... / 'Til I find somebody new

Nouvelle Vague

In a Manner of Speaking

In a Manner of speaking / I just want to say / That I could never forget the way / You told me everything / By saying nothing

In a manner of speaking / I don't understand / How love in silence becomes reprimand / But the way that i feel about you / Is beyond words

Oh give me the words / Give me the words / That tell me nothing / Ohohohoh give me the words / Give me the words / That tell me everything

In a manner of speaking / Semantics won't do / In this life that we live we only make do / And the way that we feel / Might have to be sacrified

So in a manner of speaking / I just want to say / That just like you I should find a way / To tell you everything / By saying nothing.

Oh give me the words / Give me the words / That tell me nothing / Ohohohoh give me the words / Give me the words / That tell me everything

Oh give me the words / Give me the wordsThat tell me nothing / Ohohohoh give me the words / Give me the words / That tell me everything
" A minha casa é um caminho para o mar "

quinta-feira, outubro 19, 2006

Nunca gostei de mudanças, pelo menos não definitivas... acho que é um pouco como os namoros que acabam, sei que mais cedo ou mais tarde vou sentir saudades daquela pessoa mesmo que até já não sinta nada por ela. Há-de haver algo que faça despoletar o mecanismo. E neste momento sei que vou virar uma página na minha vida e não sei se estou preparada para tal. A verdade é que enquanto estou a empacotar tudo, vejo a minha vida passar-me à frente dos olhos, mas desta vez sou apenas um mero espectador numa história onde já fui actor principal. Sentimento este estranho.

Tinha a alma vazia. Apetecia-lhe inundar o mundo. Deixou a chuva lhe cair no rosto, numa tentativa frustrada de se sentir um pouco mais viva. Mas nada. Parecia adormecida no seu interior. Nos fones, ouvia músicas deprimentes... sentia falta da tristeza. Queria pensar, mas a sua mente estava tão longe... que ela nem sequer sabia onde ela estava ou até mesmo a que horas voltava. A luz que tinha dentro de si tinha-se apagado. Sentia-se às escuras num caminho que já não conhecia.

Ela chorou. Passou a noite nos seus braços. Desejou que o amanhã não chegasse nunca. Não queria ter de partir. Queria que ele a agarrasse e não o permitisse. Queria que ele lhe desse o mundo, que dissesse que era para todo o sempre. Mas ele não o fez. Ela própria sabia que ele nunca o faria. Já o conhecia para saber que essas demonstrações de afecto não faziam parte do seu caracter. Mas como ela o queria... Em tempos, pensou conseguir muda-lo. Como foi ingénua!! Ela quis fazer dele o seu cavaleiro andante. Na sua cabeça, o amor ainda era como nas histórias que o pai lhe lia em criança.
Hoje fiz algo que não sei se deveria ter feito... Não segui os conselhos que eu dou às minhas amigas... não fui capaz.

domingo, outubro 01, 2006

Ás vezes, lutar é tão difícil... especialmente quando os monstros se encontram dentro de nós. Sonhamos sempre com o cavaleiro andante que nos vai salvar, mas esquecemo-nos que é quase impossível alguém nos salvar de nós próprios. Ficamos parados no vazio, imersos naquilo que gostaríamos de ter ou de ser. E assim, ficamos inertes, vendo a vida correr por nós...e nós ali, á espera do que não vem. Porque o que deveria vir está parado à espera que venha. Reduzimo-nos a pó e cinzas, de esperas inúteis, gastas do tempo que roubámos à probabilidade de sermos felizes.
Hoje convidei um inimigo de estimação a enterrar o velho machado de guerra. Enchi-me de coragem, abri-lhe o coração e pedi-lhe para fazer o mesmo. Não fumamos o cachimbo da paz porque não só de palavras se acalmam os sentimentos. É um processo que leva tempo. Mas acho que fui bem sucedida. Acho que, um dia, poderemos sepultar o passado, no sitio onde ele pertence. E aí, sei que ambos seremos muito mais felizes. Seremos pessoas de almas mais leves.