quinta-feira, março 30, 2006

É impressionante como são os pequenos gestos que nos tocam mais! Os presentes que recebemos quando menos esperamos, sem nenhuma data especial, só porque sim, são aqueles que nos desarmam. Foi o que me aconteceu hoje. Lembro-me do primeiro presente que recebi que me fez ficar assim. Não sei que idade tinha mas era muito nova. Foi num Natal. Nessa altura, a família juntava-se toda e juntavam-se todas as prendas que eram anteriormente numeradas. Quando davam as 11 horas começávamos a abrir as prendas ( sim! 11 horas! Eram sempre imensas prendas, por volta das 100. E por isso, demoravam imenso tempo a abrir.). Éramos nós, as mais novas, que íamos buscar as prendas e, em voz alta, dizíamos o numero, no papel estava escrito para quem e de quem era aquela prenda. Num desses Natais, fui surpreendida quando ouvi dizer o meu nome e o do meu primo. Era a primeira vez que ele me dava uma prenda. Era um peluche em forma de dinossauro, de muitas cores. Nessa altura eu já não brincava com peluches mas fiquei tão feliz! Emocionei-me até! E ainda guardo religiosamente esse mesmo peluche no meu quarto. Hoje foi outro desses dias apesar de não ser Natal. Tive uma actuação da tuna no Centro de Apoio Social de Lisboa. O nosso público era constituído por velhinhos, pelas pessoas que tomavam conta deles e por algumas pessoas com algum tipo de deficiência. A nossa actuação não foi muito boa, só havia 3 microfones e a acústica da sala era muito má, nós nem nos conseguíamos ouvir umas ás outras. Mesmo à minha frente tinha uma rapariga com uma deficiência, estava sempre séria a olhar para nós mas bastava eu sorrir para ela que ela se desmanchava em sorrisos ( como se fosse uma criança que brinca connosco no autocarro e se esconde com vergonha e torna a olhar para ver se continuamos a brincar com ela). Continuei a sorrir para ela. No fim, cantámos os parabéns ( eles todos os meses reúnem os aniversariantes desse mês e fazem uma festa, por isso é que lá estávamos). Mas, depois, quem recebeu as prendas fomos nós! Alguns dos velhinhos tinham nos feito uns mimos ( sim porque não há outro nome que lhe possa dar ). Até os embrulhos forma feitos por eles. Para cada uma de nós havia um, dentro dele estava um fio, daqueles que agora se usam muito ( compridos com pedras ). Não consegui evitar não me emocionar. Até agora, quando penso nisso, sinto-me a emocionar.

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