quarta-feira, novembro 18, 2015

Vertigens.

Ela causava-lhe a vertigem do infinito, a tontura do futuro. Nos braços dela o sonho era possível e a realidade era um mero desenho do que quisesse. Com ela, ele sentia asas. E medos. Não havia cinto de segurança, airbag ou coisa que lhe valesse. Havia o cru, o bruto, o indomável. Havia o princípio, o inicio de um começo. Havia o conjunto de possibilidades infindáveis. Nela podia encerrar toda a sua vida. E sentia-se como se tivesse 16 anos novamente. Tudo era novo. Tudo era como se estivesse a ser sentido pela primeira vez. Tudo estava a ser sentido pela primeira vez. Ela tinha essa facilidade de o desnortear. Era como um equilíbrio na corda bamba. E os seus joelhos tremiam a cada passada no desconhecido. Ela era a aventura que nunca pensara ter coragem de realizar. Era a recusa constante do seu discernimento que o tentava poupar da arritmia do coração. Mas, nos braços dela, o mundo ganhava cores que nunca tinham existido antes para si. E as palavras esvaziavam-se doentes na garganta. Ela tinha o dom de o deixar em silêncio. Com ela as letras enrolavam-se e tudo o que lhe restava era a dislexia dos sentimentos que o arrancavam da normalidade dos sentidos. Por isso, preferia arriscar-se a perder-se se isso significasse encontra-la.

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