Eu sou a criança curiosa. Receosa do caminho. A miúda pequenina que se distrai. Que sai do traçado. Que sente a necessidade do inexplorado. Que sonha com o céu e as estrelas. E que pára e se deita na terra a contemplar o universo.
Tu és a estrada a percorrer. A linha contínua que indica o passo seguinte. O asfalto duro e frio que desaparece mais à frente na penumbra da noite. O pedaço de chão quente que vai para lá do que a minha vista alcança.
Eu sou a caminhante. A exploradora que vê tudo pela primeira vez. A que faz malas e parte em direcção ao desconhecido. A que arrisca a perder-se. A que esquece a rota porque não se importa em chegar.
Tu és a bússola. És o norte e o sul. És o quadrante que orienta os marinheiros. És o caminho de volta.
Eu sou o carro. Sou o barco. Sou o veículo que deriva e vagueia. Sou o sapato. Sou o pé. Sou o passo irregular.
Tu és o lar. És a casa. És a escola. És a história. És a palavra. És a letra.
Eu sou a gravidade. Sou o átomo. Sou o início. Sou a magia. Sou o som.
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