Hoje queria sentir um aconchego teu. Queria perder-me em ti, para não me perder em mim. É que esta ausência de eternidade perturba-me os sentidos. Por isso, queria existir nos teus braços. No teu peito. Morar lá apenas um pouco. Até me sentir segura. Precisava de um abraço, sabes? Aquele abraço. Não outro. Somente aquele. E assim preencher-me de ti esvaziando o mundo que trago dentro de mim. Queria acreditar na possibilidade mesmo que ela não passasse apenas de uma reticência da vontade. Queria esvaziar o ruído. É que a inconveniência da alma faz-nos ver a profundidade do vazio. E, em ti, sei que o silêncio seria a poesia na palavra. E era quanto o me bastava. Um aconchego teu. Porque a breve seriedade desse gesto calaria em mim a necessidade de uma declaração constante. É que sozinha não consigo fazer um ajusto de alma, ergue-se-me a cobardia do quotidiano. Esse controlo mesquinho que nos sufoca a virtude. Era por isso que precisava do teu braço, sabes? À minha volta. Para me proteger. De mim. E do resto. Num gesto contínuo. Sem vírgula ou ponto final. Um abraço que me fizesse renascer em ti e que me acordasse desta morte que me atormenta. É que é tão fácil perdermo-nos no cansaço do que carregamos dentro de nós. E é tão leve a dormência que se cala na ilusão daquilo que não queremos revelar. Por isso, é que hoje precisava de um aconchego teu. Do abraço. Um local de infinitos.
quinta-feira, novembro 05, 2015
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário