É impressionante mas é verdade. Um escritor do séc. XIX e uma figura do jetset português conseguem, em apenas duas frases, resumir o espectáculo Pessoa na perfeição. Em Fevereiro de 2013 o guionista e humorista Guilherme Fonseca perdeu o seu pai e neste seu segundo espectáculo a solo disserta sobre o que se passou. Tudo isto numa hora de piadas sobre a vida, sobre a morte e sobre peidos. Atenção: nesta sinopse, quando se diz "perdeu o pai" é porque aconteceu um ataque cardíaco fulminante. Não é porque o Guilherme o deixou num sítio e agora não se lembra onde está. Isso seria estúpido. O espectáculo não é.
(In)confidência:
Dia 7 de Novembro Guilherme Pessoa levou ao São Jorge Comedy Club o seu show de comédia: Pessoa Está de Volta. E quem não sabia para que tipo de comédia vinha rapidamente foi elucidado pelo PowerPoint de apresentação: uma pequena peça que estabelece o tom da espectáculo - um tom muito negro.
Neste espectáculo, Guilherme Fonseca contou-nos como foi todo o processo de luto da morte do seu pai, que morreu em 2013. Porém, tanto Guilherme Fonseca como a sua família mostraram um luto feito de forma diferente, e, que de certa forma, gerou este espectáculo. Mostrou-nos que perder coisas durante a vida é muito diferente das pessoas que morrem durante a nossa vida, pois as coisas que perdemos na vida nós só não sabemos onde as deixámos. A morte de alguém próximo é um momento de viragem nas vidas dos que ficam para trás e cabe a cada um de nós perceber a melhor forma de lidar com a perda e seguir em frente. Além de nos ter mostrado este processo, Guilherme Fonseca mostrou também pequenos episódios típicos de todas as diligências necessárias relacionadas com a morte de alguém, agregando o facto de Guilherme Fonseca ser uma cara conhecida da televisão, o que fez com que estes episódios ganhassem outra proporção devido ao puro ridículo, que em retrospectiva, tornou tudo possível. Episódios como o ir reconhecer o cadáver do seu pai e o "policia estagiário" não conseguir discernir entre o profissionalismo e facto de estar presente a uma personalidade televisiva. Ou até mesmo episódios como palavras de condolência de pessoas que não têm noção do que dizem, ou o quão directas e frias podem ser as pessoas mais próximas da família. Muito negro e muito bem conseguido!
Celebrando a vida com o seu pai, Guilherme Fonseca contou-nos como foi crescer com a sua família, mostrando fotografias de momentos embaraçosos, outros de momentos curiosos e de união, e outros de pura humilhação. Mostrou-nos também alguns dos problemas da vida do seu pai e que de certa forma mudaram a sua vida familiar mas que o moldaram para ser a pessoa que hoje é. Momentos de carinho e de ternura misturados com muita comédia negra e também com muita comédia criada por situações reais.
Enquanto cómico Guilherme Fonseca tem um óptimo sentido de timing e delivery, criando pequenos momentos com o público, dominando as dinâmicas e criando momentos personalizados no seu espectáculo, que complementam o alinhamento e mostram um pouco como Guilherme Fonseca é como pessoa e de que forma processa as suas emoções e experiências. A sua aparência inocente e clean cut contribui muito para causar um choque de estilos, pois o espectáculo tem um tema muito forte e isso apanha os elementos do público desprevenido.
Um espectáculo com o tom ideal para os amantes do humor negro, mas também muito autobiográfico que nos faz pensar sobre a forma como encaramos a morte e suas consequências nas vidas dos que ficam, em suma, além de muito negro foi também muito inspirador. A ver mais vezes e de preferência, no mesmo registo.
(In)confidência:
Dia 7 de Novembro Guilherme Pessoa levou ao São Jorge Comedy Club o seu show de comédia: Pessoa Está de Volta. E quem não sabia para que tipo de comédia vinha rapidamente foi elucidado pelo PowerPoint de apresentação: uma pequena peça que estabelece o tom da espectáculo - um tom muito negro.
Neste espectáculo, Guilherme Fonseca contou-nos como foi todo o processo de luto da morte do seu pai, que morreu em 2013. Porém, tanto Guilherme Fonseca como a sua família mostraram um luto feito de forma diferente, e, que de certa forma, gerou este espectáculo. Mostrou-nos que perder coisas durante a vida é muito diferente das pessoas que morrem durante a nossa vida, pois as coisas que perdemos na vida nós só não sabemos onde as deixámos. A morte de alguém próximo é um momento de viragem nas vidas dos que ficam para trás e cabe a cada um de nós perceber a melhor forma de lidar com a perda e seguir em frente. Além de nos ter mostrado este processo, Guilherme Fonseca mostrou também pequenos episódios típicos de todas as diligências necessárias relacionadas com a morte de alguém, agregando o facto de Guilherme Fonseca ser uma cara conhecida da televisão, o que fez com que estes episódios ganhassem outra proporção devido ao puro ridículo, que em retrospectiva, tornou tudo possível. Episódios como o ir reconhecer o cadáver do seu pai e o "policia estagiário" não conseguir discernir entre o profissionalismo e facto de estar presente a uma personalidade televisiva. Ou até mesmo episódios como palavras de condolência de pessoas que não têm noção do que dizem, ou o quão directas e frias podem ser as pessoas mais próximas da família. Muito negro e muito bem conseguido!
Celebrando a vida com o seu pai, Guilherme Fonseca contou-nos como foi crescer com a sua família, mostrando fotografias de momentos embaraçosos, outros de momentos curiosos e de união, e outros de pura humilhação. Mostrou-nos também alguns dos problemas da vida do seu pai e que de certa forma mudaram a sua vida familiar mas que o moldaram para ser a pessoa que hoje é. Momentos de carinho e de ternura misturados com muita comédia negra e também com muita comédia criada por situações reais.
Enquanto cómico Guilherme Fonseca tem um óptimo sentido de timing e delivery, criando pequenos momentos com o público, dominando as dinâmicas e criando momentos personalizados no seu espectáculo, que complementam o alinhamento e mostram um pouco como Guilherme Fonseca é como pessoa e de que forma processa as suas emoções e experiências. A sua aparência inocente e clean cut contribui muito para causar um choque de estilos, pois o espectáculo tem um tema muito forte e isso apanha os elementos do público desprevenido.
Um espectáculo com o tom ideal para os amantes do humor negro, mas também muito autobiográfico que nos faz pensar sobre a forma como encaramos a morte e suas consequências nas vidas dos que ficam, em suma, além de muito negro foi também muito inspirador. A ver mais vezes e de preferência, no mesmo registo.
Sem comentários:
Enviar um comentário