Título original: Flickan som lekte med elden (2009)
Realização: Daniel Alfredson
Argumento: Jonas Frykberg e Stieg Larsson Elenco: Noomi Rapace, Michael Nyqvist, Georgi Staykov e Micke Spreitz
Se no primeiro tomo da adaptação da trilogia Millennium aos cinemas poderíamos falar num filme que quebrava clichés e uma profundidade incomum para um policial, este segundo capítulo acaba por cair em todos os erros que não tinha cometido em Millennium 1 – Os Homens que Odeiam as Mulheres.
O principal motivo para tal descida drástica em qualidade e intensidade prende-se com o facto de esta sequela ter sido originalmente pensada para ser exibida apenas em televisão e com isso perdeu em orçamento, o que se denotou na qualidade técnica dos efeitos especiais nas cenas de acção. Encontramos cenas ridículas, excessivamente artificiais – note-se a cena de luta no armazém entre Paolo e o enorme Ronald ou a cena final no barracão entre Lisbeth e Zala. E isso não se perdoa numa trilogia de respeito como esta. O sueco Daniel Alfredson realiza como se de um telefilme se tratasse – no final de contas até o era – e isso no grande ecrã não funciona, fazendo com que Millenium 2 - A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo perca intensidade.
A sequela acaba por fazer uso excessivo de flashbacks do primeiro filme e perde em suspense – factor primordial no primeiro filme – o que acaba por ter como consequência o arrastamento da narrativa adaptada ao cinema, rodeada de previsibilidade. O argumento assinado por Jonas Frykberg não consegue transmitir a complexidade e interesse do livro que lhe deu nome e ao decidir dar ainda mais impacto e tempo de ecrã à personagem de Lisbeth Salander, explora muito menos as relações entre as personagens, nomeadamente entre Lisbeth e Michael e entre Michael e Erika.
Contudo, Millenium 2 - A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo mantém o arrojo com que retrata situações socialmente incómodas, como a corrupção, o tráfico de mulheres e outras situações abusivas contra o sexo feminino. Mesmo as cenas de sexo, incluindo o sexo entre mulheres, são retratadas de uma forma muito íntima e natural, como nunca o seriam numa produção de Hollywood. E nesse sentido, o cinema sueco e esta sequela continuam de parabéns.
A nível de elenco mantém-se a boa qualidade, nomeadamente de Noomi Rapace – nesta sequela conhecemos uma fase mais íntima e dócil - que continua a arrancar o fabuloso desempenho a cada frame e que faz desta sequela um one woman show, bem como do racional Michael Nyqvist, cuja composição de consegue sempre equilibrar o sentido de lógica e a motivação impulsionada pela relação complexa da sua personagem com a hacker Lisbeth. Ou ainda Georgi Staykov, que apenas surge nas cenas finais, mas que surpreende e consegue intimidar em todo o mistério envolvente. E temos também Micke Spreitz numa prestação quase sem diálogos, mas corporalmente intensa e intimidante.
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