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Um dia desafio-te a escreveres algo para mim. Algo teu que possa chamar de meu. Desafio-te a dares-me as letras das palavras que me sussurras, só para, um dia mais tarde, as poder rever, quando já não estiveres. Não que queira que vás a lado algum, até porque o teu lado será sempre ao meu lado. Mas eventualmente sei que irás, nem que seja apenas por breves momentos, só mesmo para voltares de novo. Só para sentires um pouco a minha falta. Talvez até seja eu que te mande ir, só para poder ter a certeza que ainda estou acordada, que não te imaginei, que és real e que és meu. Ou talvez sejas tu que vás por uma qualquer estupida razão que eventualmente deixará de fazer sentido quando a distância entre nós for demasiado grande para aguentar. Mas, para enquanto vás e não voltes, terei essas letras das palavras que já não ouvirei. Alimentar-me-ei delas até as ter de novo. Por isso, um dia, desafio-te a escreveres algo para mim. Algo teu que fique para sempre comigo.
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