quinta-feira, março 20, 2008


Fazer kilometros e kilometros, só para não voltar a uma casa vazia, sem cheiro nem cor nem vida. Uma casa que de casa tem pouco. Um sitio de permanência fugaz, isolado do mundo e das recordações que se constroem. Assim, és tu. O lugar para onde eu vou no fim do dia. O lugar do qual eu fujo sempre que posso. Porque a ti não pertenço. Porque não és um lar e não me sinto tua. Podes ter porta e janelas, mas por ti ninguém entra. Estás fechado para visitação. Não te dás a conhecer e não pertences a ninguém. Os cadeados à tua volta tem combinações indecifraveis. E as chaves, essas, desapareceram há muito tempo. Diz que tens uma guardada, mas dela apenas a lenda subsiste. E de valioso não se sabe o que existe. Porque não és dono de nada apesar de achares que tens tudo. E aquilo que podias ter assusta-te por demais. Fechas-te para ninguém te possa magoar. E o teu mundo não partilhas no receio que o invadam. Atormenta-te a possibilidade de seres violentado e ficares sem rumo. Porque sabes que não tens estrutura para te pôr de pé se caires. Mas se não vivesses no mundo das possibilidades e te desses mais um pouco, podia ser que descobrisses aquilo que realmente te falta. Serias uno e completo. Serias o lar que eu procuro.

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