sexta-feira, novembro 02, 2007

Há uns dias, vi a mulher mais feia que já alguma vez vi... Não senti repulsa ou qualquer coisa no genero, apenas estranheza. Não era como aquele rapaz que morava ao pé de mim, que tinha a cara toda queimada e não tinha mãos... esse, sim, causava-me impressão e pena. Com ela era diferente, não conseguia não olhar (discretamente, é claro, porque não a queria incomodar...), era mais forte que eu. Queria poder tocar-lhe na cara e ter a certeza que aquilo não era uma mascara ou que a cara dela não era de borracha. Queria ser criança para poder chegar ao pé dela e perguntar-lhe sem maldade porque é assim(?), se é alguma doença ou se teve algum acidente. Queria lhe dizer que não tenho medo nem impressão, e que não a vejo como um monstro... e que por isso ela nunca se devia ver como tal... e queria poder dizer-lho na pele de uma criança, porque elas podem ser extremamente crueis mas também são sempre verdadeiras, e também porque me senti como uma por não perceber o que estava à minha frente e ter uma imensidão de perguntas para fazer... Fiquei imenso tempo a pensar naquela mulher e ainda guardo na memória a sua imagem. Pensei que às vezes somos tão superfulos preocupados com a nossa imagem, a nossa roupa, a nossa dieta, e nos achamos feios... sem nos apercebemos da sorte que temos. E, sinceramente, se há uma coisa que eu tenho vindo a aprender é que as pessoas que nós achamos feias (segundo os nossos padrões de beleza) são normalmente muito melhores pessoas do que aquelas que nos achamos bonitas...

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