sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Uma questão de tempo


E tudo parecia uma mera questão de tempo. Tempo até os seus mundos eclodirem por completo. Tempo até o espaço e distância que os separam se desvanescerem em absoluto. E o incerto era indubitavel. Não havia como fugir ao axioma do acaso. Eles juntos eram mais do que a premissa, embora o tentassem negar vezes a mais. O medo, o receio do que poderia ser, do que poderia advir, atrasava-lhes os passos. Mas a descoberta mutua não conseguia ser contida. A vontade era uma necessidade impressa em ambos. E podiam contrapor, contradizer, contestar, ou até mesmo recusar, denegar ou refusar, que o efeito pratico seria sempre o mesmo. O impeto encontrava-se demasiado perto do ensejo para que pudessem arguir contra eles próprios. Por isso, a cada passo que davam, ficavam apenas mais perto do precipicio que já eram. E o salto... o salto seria apenas mais um passo, despercebido entre todos os outros. Porque o parar não era hipotese, embora pudesse e fosse constamente equacionada. Mas havia uma história por contar e isso não estava sob o controlo deles. A narrativa iria desenrolar-se independemente deles e os papeis de meros espectadores acabariam por se diluir nas personagens principais que sempre estiveram destinados a ser.

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