sexta-feira, junho 30, 2017

O tempo acumulado



E os dias passam a correr. Acumulam-se, uns atrás dos outros. E, quando dou conta, já passou mais uma semana, mais um mês, mais um ano. E está tudo igual. Não cresci, não amadureci, não mudei. Apenas envelheci. E todos os planos e quereres ficaram exactamente no mesmo sítio, imóveis, à espera do tempo que não veio mas passou. E o futuro que deveria ser agora, vê-se adiado por mais um ano, ou dois, ou quando for… E, desculpo-me, com a vida. Refilo com o mundo e depois resigno-me e volto a fazer tudo de novo. E deixo-me ir novamente no compasso do tempo que me desregula as vontades e os desejos, prometendo que desta vez vai ser diferente. Mas nunca o é. E assola-me esta incerteza do que será na precariedade do que já é. Porque sei que nada se constrói na dubiez da volição ou na escassez da oportunidade. Portanto, espero. Porque não sei fazer outra coisa. E vejo o tempo a esfumar-se juntamente com a minha existência, receando que também eu passe a correr até nada de mim restar.

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