terça-feira, maio 16, 2006

Escrever, para mim, é uma espécie de terapia. Não me sinto eu se não tiver um papel e uma caneta. Sinto sempre a necessidade urgente das palavras dentro de mim. Não as consigo conter cá dentro. Elas vencem-me pelo cansaço. Sinto-me extravasar. Preciso de as pôr em papel. Escreve-las. Torna-las mais que minhas. Torna-las passivas e possíveis de apoderação. Condeno-me em uma folha de papel. E quando elas ecoam demasiado alto, ensurdecendo-me, calo-as rasgando o papel. Convenço-me disso. Hei-de sempre escrever em papel. Recuso render-me a pequenas teclas desordenadas. Não me vendo. Prefiro escreve-las e rasga-las, ouvir o barulho delicerado, como se fossem elas a gritar. Delete? Mas eu não as quero apagar como se elas nunca tivessem existido. Quero rasga-las, trocida-las, faze-las sofrer... tal como elas fazem comigo. Senão onde terei eu o meu pequeno prazer?

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