Arranquei-me a pele. Camada a camada. Quase como se me estivesse a descascar. Senti, a cada uma delas, as dores da desconstrução da personagem que criei. Senti o sangue a escorrer, lavando-me a alma das mentiras que contei na esperança de ser alguém mais bonito aos olhos dos outros. Arranquei-me os músculos que me seguravam a máscara. Deixei cair tudo aquilo que nunca fui. Parei de agradar. Transformei-me em muito mais feia mas em muito mais em mim. Arranquei-me os órgãos. E quebrei-os um a um. Expondo todas as minhas fraquezas. Deixei o pequeno e negro coração para último. Na esperança de o ver respirar num último suspiro. E quebrei-o por fim. Reclamando das mãos dos outros para mim própria esse poder. Vi-o assim, desfazer-se em pó na minha mão. E recuperei por fim a tão ansiada liberdade inconsequente.
sexta-feira, janeiro 23, 2015
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