Hoje dei comigo a pensar que não me lembro da última vez que alguém me fez uma surpresa ou que tiveram um gesto romântico comigo... Não me lembro também da última vez que tive um "date", que fui cortejada. Cortejada... será que alguém ainda usa essa palavra?! Pergunto-me se isso ainda se faz? Se os homens ainda cortejam as mulheres... ou se isso se perdeu um pouco pelo caminho.
É que esta coisa do romantismo é muito bonita nos filmes e quando somos mais novos, mas depois crescemos e a vida acontece e... parece que deixa de importar. As cartas de amor são substituidas por sms's ou couros mal batidos via facebook, os "dates" por encontros sexuais casuais, que poderão ou não transformar-se em algo mais... e damos o nosso corpo antes de darmos o nosso coração, quando antes era precisamente o contrário. Um beijo passa a ser precisamente isso mesmo, apenas um beijo, e não o culminar de uma conquista tão aguardada. E partilhamo-nos mutuamente sem realmente o fazer. Do outro lado, o receptor do que seja que lhe entreguemos, não conhece nem vislumbra sequer uma pequena porção do que somos, porque não nos entregamos realmente.
É que não é quando nos despimos que ficamos realmente nus, nem muito menos quando temos sexo com alguém. Ficamos realmente nus é quando partilhamos a nossa alma. Aí despimo-nos de qualquer artificio, aí sim (!) ficamos vulneráveis.
Talvez seja por isso mesmo que nos deixemos de partilhar. É que o medo é uma coisa muito poderosa!! E o passado também. Sim, porque não há quem chegue até aqui sem ter tido, pelo menos uma vez, o seu coração partido!
Portanto, talvez tudo não passe de uma mera questão de sobrevivência, desse instinto muito próprio do ser humano de não se deixar magoar, de se auto-proteger. Talvez seja essa a circunstância que faz com que se perca pelo caminho aquilo que nunca se devia realmente perder.
1 comentário:
Maybe they are there and you are the one that doesn't see them?
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