Queria voltar atrás no tempo.
Queria ser o homem para ela.
Desde que a conhecera, reparara na acumulação de vida que tinha vindo a fazer ao longo dos anos, na soma dos dias desperdiçados sem ela. Sempre se sentira perdido sem nunca saber bem o porquê e agora que chegara, descobrira. Nunca se encontrara.
Queria voltar atrás no tempo.
Queria ser o homem para ela.
E soube mal sentiu o cheiro dela a inundar-lhe as narinas. O cheiro a casa, a partilha e a pertença. O cheiro da infância que nunca teve e o cheiro do futuro que nunca chegou. O aroma a antes, a agora e a depois. A certeza de um lugar seu para lá do físico e do palpável.
Queria voltar atrás no tempo.
Queria ser o homem para ela.
Não queria um noutro tempo ou em outro lugar. Não queria um talvez nalgum outro universo paralelo aos dois. Não queria a decepção da certeza de uma realidade desconstrutiva. A comédia de portas há muito se transformara na tragédia de vidas, e ele estivera demasiado cego para o reconhecer.
Queria voltar atrás no tempo.
Queria ser o homem para ela.
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