E naquele silêncio ensurdecedor havia quem poderia jurar que tinha ouvido o seu coração quebrar. Um barulho agudo de uma dor abafada por um peito pequeno demais para a conter. Mas nos seus olhos não haviam quaisquer lágrimas para partilhar. Talvez porque nos seus ouvidos ainda ecoava o "amo-te" vomitado no dia anterior, o último que ouvira. Provavelmente o seu corpo estático não sabia como reagir aos estilhaços do coração, que a iriam dilacerar a cada passo que ousasse dar. As palavras farpadas tinha-no atingido com uma mestria e destreza de poucos, fazendo com que mais nada dele pudesse sequer restar. Era de duvidar que algum médico pudesse algum dia compor o estrago infligido.
E, de quem sentia demais, passou-se para um alguém que nada consegue sentir. Numa espécie de partida injusta e cruel de um destino que nunca pediu para ser seu mas que a tinha abraçado de peito aberto. Hfm... curioso como um coração partido amplia tudo ao seu expoente máximo. E como se torna mais dificil carregá-lo dentro de nós, quase como se de repente se tivesse tornado mais pesado. Talvez seja a tristeza um sentimento gordo que nos afoga no peso daquilo que não queremos suportar. Ou talvez sejamos apenas nós, criatura fracas, que entregamos aos outros a parte mais vital de nós mesmos.
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