Óbito/Carlos Castro: Amiga do jornalista foi ouvida durante oito horas pelas autoridades norte-americanas
“Ainda estou sem dormir, só cheguei a casa há duas horas [10:00 em Lisboa]”, disse à agência Lusa Mónica Pires, ainda com uma voz abalada.
A filha do jornalista Luís Pires, amigo de Carlos Castro, contou que chegou à esquadra da polícia cerca das 20:00 (horas locais, menos cinco que em Lisboa) e saiu às 03:45. O longo interrogatório foi conduzido pelo procurador da República de Nova Iorque e pelos investigadores que estão a acompanhar o caso.
Mónica Pires recordou à Lusa como tudo se passou: “Chegámos ao hotel cerca das 18:20 de sexta-feira e pedimos para chamar o Carlos, mas não respondia. Ligámos para o telemóvel e ninguém atendia”.
Cerca de 15 minutos depois, Mónica e a sua mãe viram sair do elevador Renato Seabra, o principal suspeito do crime, que já foi detido.
“Perguntámos-lhe pelo Carlos e ele estava espantado. Acho que não estava à espera de nos ver e respondeu: ‘O Carlos já não sai do quarto’”, uma resposta que as surpreendeu e as levou a contactar o gerente do hotel.
Foi quando o corpo de Carlos Castro foi descoberto cheio de sangue, com lesões na cabeça e mutilado sexualmente. Seguiu-se a chegada das autoridades policiais e de saúde ao quarto do Hotel Intercontinental, em Nova Iorque, onde estava hospedado com Renato Seabra.
Entretanto, Mónica e a mãe foram levadas para uma suite ao lado do quarto, onde começaram a ser interrogadas. “Estivemos muitas horas à espera, enquanto as autoridades andavam à procura do Renato, que foi encontrado umas horas depois”, adiantou à Lusa.
Dali foram levadas para a esquadra da polícia, onde as questionaram sobre o suspeito. “Perguntaram-me o que tinha vestido, como é que achei o estado dele, se estava limpo, como estava o cabelo, se parecia que estava drogado”, recordou.
“Perguntaram-me se eu conhecia o Renato, mas eu não conhecia. A minha mãe é que tinha andado com eles nos últimos dias. Eu só o conheci à porta do hotel”, sublinhou.
A mãe de Mónica foi jantar com eles na quinta-feira e achou “o Carlos muito calado, tinham tido um discussão”, disse, adiantando que a mãe contou esta situação às autoridades.
“Nem parece real”, lamentou Mónica Pires, que deverá ser hoje novamente ouvida pelas autoridades.
Entretanto, o modelo Renato Seabra foi detido pela polícia em Nova Iorque, informou Luís Pires.
“Por volta da 11:00 horas (de sexta-feira, em Nova Iorque), o Renato deu entrada no Roosevelt Hospital, com cortes nos pulsos, pois tinha tentado matar-se”, disse à Agência Lusa o jornalista.
Luís Pires sublinhou que a polícia foi logo acionada e chegou rapidamente ao local e, agora, o quarto e o corpo estão a ser analisados pelos médicos legistas.
“O taxista que levou Renato para o hospital também já foi encontrado e a polícia chegou mesmo a atrasar o voo da Continental para Lisboa (na noite de sexta-feira), antevendo uma possível fuga”, referiu a mesma fonte.
Luís Pires acredita que o assassínio foi provocado por ciúmes.
In Sapo
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