terça-feira, outubro 05, 2010

Dança da Morte

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co-produção com a Companhia espanhola Nao d’amores, espectáculo bilingue, dirigido por Ana Zamora, com participação de elementos de ambas as companhias.

DANÇA DA MORTE / DANÇA DE LA MUERTE

As Danças da Morte são um tema de enorme extensão, e que atravessa vários territórios literários, participando em inúmeras manifestações artísticas que integram o teatro, a música, a dança, o folclore e outros fenómenos artísticos e sociais. Apesar de ainda hoje haver poucas certezas quanto à sua origem e desenvolvimento, pode dizer-se que chegou a invadir todo o fim da Idade Média na Europa, e foi um exemplo de transmissão cultural sem precedentes, saltando de país em país, estabelecendo relações e influências entre artistas, poetas e criadores.
À imagem deste modo antigo de intercâmbio intercultural, a Companhia Nao D’Amores (Espanha) e o Teatro da Cornucópia (Portugal) abordam com este espectáculo uma produção conjunta, a partir de textos espanhóis e portugueses dos séculos XV e XVI que giram em torno da Dança Macabra. Trata-se de uma montagem que integra as duas línguas, o trabalho de actor, o teatro de marionetas e a interpretação musical ao vivo com réplicas de instrumentos da época, para recriar um género dramático que foi motivo favorito de uma sociedade que chegava ao fim da sua existência e que nele plasmou a sua mensagem de sátira e de esperança.
Dança da Morte / Dança de la Muerte é uma fantasia da imaginação popular, uma viagem no tempo para reviver os mitos que ajudaram a mitigar o absurdo da morte, nascida no actual contexto cultural, em que se tende a negá-la e a afastar a sua lembrança, substituindo o ancestral anseio de imortalidade por uma imatura ficção de “a-mortalidade”.
Ana Zamora

A DANÇA: O ESCONJURO DA MORTE[1] (Referências históricas)
A Dança da Morte, é uma sequência de texto e imagens presidida pela Morte como personagem central - geralmente representada por um esqueleto, um cadáver ou um corpo vivo em decomposição – e que, numa atitude de dança, dialoga e arrasta um a um uma série de personagens que representam habitualmente as diferentes classes sociais.
O tema da morte, inevitável, que a todos atinge, independentemente da sua condição social, poder, força, conhecimento, sexo, idade ou méritos, é uma ideia amplamente expressa a partir do século XII. No entanto, a Dança Macabra como género literário, coreográfico e dramático, nasce provavelmente em resposta à epidemia que assolou a Europa desde 1347: a peste pneumónica ou bubónica que todos levava, fosse qual fosse o seu estatuto, condição ou idade. Estende-se por toda a Europa, principalmente nas terras com porto, sendo os mares e os rios a via de contágio, morrendo em dois anos um terço da população. Neste contexto de psicose colectiva, num clímax chocante em que a vida está constantemente ameaçada, o tema da Dança Macabra destaca-se. O facto é que a partir de 1380 a iconografia macabra atinge uma dimensão até então nunca alcançada e a arte da morte se transforma profundamente: aparecem a desolação, os vermes, a nudez do cadáver, o aspecto torturado, o apodrecimento da carne, numa complacência mórbida desconhecida à tradição cristã.

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