terça-feira, julho 10, 2007

Adeus, tio das tintas...
É com lágrimas nos olhos e tristeza no coração que escrevo este post... Porque um ADEUS para sempre é das coisas mais dificeis que se pode dar... Pesa-me a alma nos olhos...
Foi a algumas horas que o tio Aurélio, o meu tio das tintas, como apenas eu o carinhosamente chamava desde miúda, faleceu... Á hora de jantar já me tinham dito que ele tinha tido um ataque de coração e que provavelmente não chegaria ao fim-de-semana... Sempre tinham uns dias para me habituar à ideia, devo ter eu pensado inconscientemente... porque quando soube da noticia da sua morte fiquei calma mas sem reacção, até que, aos poucos, a tristeza se apoderou de mim...
Guardarei para sempre no meu coração uma memória... acho que a mais viva e mais doce que tenho com ele... Devia ter eu uns 5aninhos... O meu tio estava a dormir numa das camas de rede, que o meu avô punha todos os anos no jardim da casa, e eu, a mando do meu avô, atirei-lhe com um alguidar de agua para o acordar... Lembro-me da minha mãe andar atrás de mim para me bater pela "maldade" que eu tinha feito... Não é propriamente a melhor forma de se acordar, mesmo naquelas tardes de Verão bem solarengas... Não me lembro da reacção dele, apenas dele todo olhado... Mas, de certo, não foi má. Era uma pessoa extremamente alegre e divertida. Era uma pessoa genuína, do Norte, daquelas que dizem muitas asneiras e que têm imensa graça. Nunca chegou a casar... A minha mãe conta que, quando iam para as festas, era quem ele quem ficava a "tomar conta" das afilhadas ( ou elas dele!), e que quando vinham a pé da festa para casa ( o que ainda deveriam ser uns 20km ) iam sempre a rir porque ele ia o caminho todo a inventar rimas sobre elas e os rapazes com quem elas tinham dançado durante a noite...
São este tipo de memórias que quero levar comigo, mesmo que elas nem sejam minhas... Porque devemos guardar tudo o que é bom de guardar. E se agora choro, é apenas porque... ( Como posso eu expressar tudo o que sinto agora?! )
P.S. Sei que nos veremos, um dia, onde o tempo não existe...

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu sei bem o q é o sentimento de perda... Acompanha-me todos os dias ao longo de 10 anos! A falta e a saudade q tenho da minha avó. Posso dizer-te q não há um dia q passe q n me lembre dela, dos mimos q dava à sua unica menina, do tempo de dedicação que dispunha para me fazer à mão as roupinhas para os nenucos (apesar de ter dores terríveis nas mãos por causa das artroses), do bolo de chocolate, (sim, esse que tanto gostas é receita da minha avó) que fazia de propósito para mim.
Há coisas q nunca se esquecem e eu nunca me esquecerei da expressão do seu rosto a olhar para mim e a dizer-me q já n estaria no meu próximo aniversário e q n poderia fazer o meu bolo. Nesse momento, naquele instante em q cheia de ternura olhou para mim, percebi q não a ía ter comigo, n só no meu próximo aniversário, como no meu casamento ou no nascimento do meu primeiro filho... E isso marcou-me para sempre. Uma miuda de 14 anos, à cabeceira da cama do hospital da avó, a pensar pq q me iam retiram uma pessoa tão importante nos grandes momentos da minha vida. Mas sabes que mais avó, o que nem eu nem tu sabiamos, é q afinal ias estar presente nos meus 15 anos, nos meus aniversários e em todas as noites em q quase a dormir, sinto q estás ali, a afagar-me os cabelos. Sabes Mana, isso n diminui a dor nem a saudade, mas dá-nos esperança de q algum dia, em qualquer lugar, eu sei q vou poder correr para o colo da minha avó e pedir-lhe q me "mexa na cabeça" como fazia quando eu tinha 5 anos.

Anónimo disse...

Minha querida... a morte é a unica coisa que temos por certa na vida, não são os amores, nem os casamentos, nem o dinheiro, casas ou carros... Devemos encará-la com naturalidade, e sorrir ao recordar as lembranças que ficamos de quem parte, esperando que tenham partido em paz com o mundo...
E sim, como dizes, esperar encontrar essa pessoa no sitio onde o tempo realmente não existe...
Um beijo grande cheio de carinho

Marta da Cunha e Castro disse...

Obrigada pelas mensagens de carinho.. E também um obrigada aos que me perguntaram se eu estava bem e se certificaram que eu sabia que eles estavam lá para mim... Porque nestes momentos nunca sabemos o que dizer ou o que fazer.