sábado, janeiro 30, 2010

Anti-Cristo

Os filmes do director Lars Von Trier são conhecidos por possuírem uma visão muito pessoal, muitas vezes levando a uma estética inovadora, como a falta de cenários em Dogville e Manderlay. Anti Cristo dividiu opiniões em Cannes pelas suas cenas chocantes, que receberam críticas ferrenhas. De facto, o filme não esconde nada, nem as partes genitais durante as cenas de sexo, nem as mutilações. Apesar disso, há um clima de suspense na maior parte do tempo, brincando com os sons da floresta e ruídos agoniantes, deixando as sensações dos personagens tomarem conta do que acontece. Aliás, só há música na primeira e na última cena, e há somente três personagens em cena, o pai, a mãe e o filho, este aparecendo como flashbacks, além de cenários em locações reais. Um minimalismo, ou um realismo, bem condizente com o director. Mais do que um suspense, este é um filme sobre o casamento, a relação entre homem e mulher e seus conflitos, tratados de maneira bem negativa.

O filme trata de um casal após a perda de seu filho, que morreu em um acidente doméstico. Enquanto o pai (Willem Dafoe) pouco demonstra sua dor, a mãe (Charlotte Gainsbourg) passa por uma crise muito forte, e é levada ao hospital às pressas. Convencido de que o médico não está cuidando dela adequadamente, ele decide assumir o tratamento, a partir de suas idéias sobre superar a tristeza e o medo. Essa atitude, como declarou a esposa, mostrava sua arrogância, sua certeza de entender como funcionam o mundo e as pessoas. A relação entre os dois era frágil, ele se mantinha distante, mergulhado no trabalho. É a partir do momento em começa a ver a esposa como paciente que realmente passa a cuidar dela, algo que a revolta.

Ele representa o masculino, frio e racional, ao contrário dela, que é o feminino, emocional e histérico. Essa oposição é levada aos limites quando ele decide levá-la para a cabana onde ela e o filho passaram as férias. Sofrendo de graves sintomas, que vão de acessos de choro para surtos, ela testa os limites do controle que ele exerce sobre a situação. Ao mesmo tempo, ele começa a descobrir aspectos até então desconhecidos de sua esposa, que mostram a fragilidade de seus conceitos, pois ele acreditava conhecê-la inteiramente.


(In)confidência: O filme é um filme deveras estranho!! Um filme que eu ainda estou a digerir. Tem algumas imagens fortes que provocam em nós uma sensação de desconforto e algumas imagens que parecem autênticas obras de arte. Todo o filme é uma grande metafora que é desvendada, obviamente, no final. Sendo que durante o filme o maior sentimento é o da estranheza, quase como se o filme fosse uma esquizofrenia do realizador reflectida na personagem da mulher.

1 comentário:

Ana Lúcia disse...

Tentei ver o filme todo mas simplesmente não consegui! É deveras estranho!