A parada era alta, as expectativas estavam lá bem em cima, inflacionadas por anos de espera e pelo facto de a banda neste período se ter tornado um dos maiores fenómenos rock do planeta. E que fizeram os Green Day nove anos depois de um concerto no Coliseu dos Recreios? Arrasaram com Lisboa. A nota só não terá sido máxima porque os muitos fãs que acorreram a um Pavilhão Atlântico perto de esgotar gostariam, com certeza, de ter ouvido "Whem I Come Around" ou "Wake Me Up When September Ends" e de terem sido brindados com as três horas de actuação prometidas (ficou-se pelas duas horas e quinze minutos).
Pouco depois da hora marcada o barulho ensurdecedor - revelador da muita juventude que acorreu à chamada - dava as boas vindas a Billie Joe Armstrong e companhia. A grande sala do Pavilhão revelava-se bem preparada e artilhada para receber uma verdadeira descarga punk-rock. "Boa noite, Portugal" foram as primeiras palavras que o mestre de cerimónias articulou antes de começarem as explosões pirotécnicas que engalanariam o espectáculo do início ao fim.
"Know Your Enemy", o cartão de visita do novo álbum 21st Century Breakdown , foi o primeiro momento incendiário, como de resto denotavam as chamas que ardiam nos ecrãs que fundeavam o palco. Em modo gutural, "Are you ready?", "Jump" e "Clap your hands" eram as palavras de ordem, seguidas à risca. Enérgico e amistoso, Armstrong passou metade do tempo no palco e outra metade na passadeira que o levava até ao meio do público e de onde recrutou ao longo da actuação vários fãs para se juntarem à banda.
O som esteve sempre no máximo (demasiado alto e distorcido para alguns, no ponto para aqueles que se deixaram abandonar completamente à fúria dos Green Day). Esforçando-se por dar início à digressão europeia com um concerto bombástico, a banda californiana apostou nos excessos e conquistou o público, que reagiu entusiasticamente (leia-se em histeria) a todas as excentricidades do vocalista: ele fez break dance, regou o público com água disparada de bisnagas gigantes, mostrou o traseiro, atirou t-shirts com um mini-canhão... Tudo provas de uma rebeldia contida de quem sabe qual é o seu público e o que fazer para o conquistar.
"Holiday" e "Boulevard os Broken Dreams" recuaram até American Idiot , o álbum que voltou a colocar a banda no centro da acção rock e a resgatou de um período mais discreto. Também do multi-platinado álbum, foi recuperado "Jesus of Suburbia", tema que contou com a ajuda, na guitarra, de um fã com apenas 17 anos.
O calendário andou também mais para trás e "Hitchin' A Ride" partilhou o protagonismo dos momentos altos de Dookie , o álbum que apresentou os Green Day ao mundo, no ido ano de 1994: a fúria adolescente que ainda corre nas veias de Billie Joe Armstrong, Tré Cool e MIke Dirnt foi bem explorada nas pujantes guitarradas do velhinho "Welcome to Paradise", que "colou" com uma curta versão de "You Really Got Me", (Kinks), e num "Longview" cantado a plenos pulmões (e voz afinada) por um fã que provavelmente acabara de nascer quando a canção se ouviu pela primeira vez. Ainda em Dookie , "Basketcase" e "She" foram espantosamente cantados de fio a pavio pela jovem criança que se sentava ao nosso lado. Foi aí que a saudade de "When I Come Around" se fez sentir e o rebuçado que a faria acalmar não chegou.
Antes de a balada "21 Guns" fazer acender muito isqueiros (quase tantos quanto os telemóveis que se alumiaram), Billie Joe Armstrong continuou a prestar vassalagem a alguns dos seus ídolos: cantou excertos de "Break on Through (to the Other Side)" dos Doors e "(I Can't Get No) Satisfaction" dos Rolling Stones. "Minority", um dos momentos mais celebrados e participados, deu início à recta final do alinhamento principal do concerto. "You are so much better than America!", depois de apresentar a banda, foi o grito de Armstrong que deixou o público pelo beicinho. E apagavam-se as luzes.
Aquele que pensávamos que seria o primeiro encore, e depois se revelaria o único, abriu com "American Idiot" - cuja introdução foi cantada em uníssono pela multidão. As pausas dramáticas começavam já a parecer-nos um pouco cansativas quando Armstrong atirou a afamada questão: "Alguém sabe tocar guitarra? Preciso de um guitarrista". "Jesus of Suburbia" mantinha assim o calendário em 2005 e o tal fã de 17 anos brilhava antes de se atirar de mergulho para o meio da multidão.
Sozinho, no topo da passadeira, Billie Joe Armstrong atirava-se então aos momentos finais do concerto em registo de acalmia: "Last Night on Earth", mais uma balada de 21st Century Breakdown , e "Good Riddance (Time of Your Life)" foram as últimas canções ouvidas, antes de uma saída inesperada de palco e de um ainda mais inesperado acender de luzes de sala. Depois da recepção que tiveram na noite de hoje, os Green Day não vão, de certeza, deixar passar mais nove anos sem regressar a Portugal.
(In)confidência: Apesar das 3 horas prometidas, os Green Day apenas actuaram 2.15h, mas cada minutinho delas valeu bem a pena!!! Estava com algumas expectativas em relação a este concerto, visto esta ter sido uma das minhas bandas de adolescência e tenho a dizer que o concerto as superou em muito. Já não me lembrava era o quanto estes gajos conseguem ser alucinados!! Bem, basta pensar no nome deles!!!
O pavilhão estava à pinha para ver aquilo que além de um grande concerto foi um grande espectáculo... é que houve um pouco de tudo(!!) : desde efeitos especiais com fogo de artificio, com fogo, com confetis, passando por um puto que foi exorcizado em palco, um miúdo que subiu ao palco para cantar um música e outro que subiu para tocar guitarra com os seus idolos. O concerto foi com uma caixinha de surpresas que nos surpreendia a cada minuto.
Também na plateia havia quem fizesse o seu próprio show... sim, porque ver um rapaz sem t-shirt neste tipo de concertos já é mais do que normal, mas ver uma rapariga... bem, adiante!!
O concerto teve sempre um ritmo incrivel e terminou com "I hope you had of your life" e não é que eu tive mesmo?! =)
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