"Hoje toda a gente se trata por tu, já deves ter reparado, é uma forma despachada e falsamente confidencial. Eu não gosto, porque é inconveniente... Acho que quando duas pessoas se estimam devem tratar-se por você, é uma forma que revela civilidade e respeito pelo outro. E além disso marca aquela distância necessária para exprimirmos mutuamente que apesar de nos conhecermos bem, intimamente, até, e de sabermos os nossos respectivos segredos, continuamos a fazer de conta que não, que não sabemos certas coisas, e fazemo-lo para que o outro se sinta mais à-vontade, como quando alguém te confessou uma coisa importante que não diria a ninguém, mas era como se estivesses distraído, claro que não é bem assim, ouviste-o com muita atenção, mas... lá está, é como se já não estivesses a pensar nisso, guardaste aquilo num compartimento secreto do teu coração e fechaste-o à chave..."
António Tabucchi, in 'Tristano Morre'
1 comentário:
Confesso que nunca gos tei nem nunca me senti à vontade com o termo "você". Além de demasiado "abrasileirado", não é carne nem é peixe, não é familiar nem é formal.
Ainda prefiro os tradicionais "o Sr." e "a Sr.ª"... ou então tratar as pessoas pelo nome!!! Por que andamos tão esquecidos do tratamento mais simples, familiar e, sobretudo, pessoal que temos: o nome???
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