quinta-feira, janeiro 17, 2019

Separações


As separações são dificeis. Implicam uma mudança, uma adaptação, um crescimento forçado, um lidar com o sofrimento de um sonho falhado. Todos nós já tivemos de viver com um coração partido, e sabemos o quanto custa carregá-lo no peito pesado e estilhaçado enquanto andamos em frente a tentar construi-nos. Todos sabemos o quanto doí... mas também sabemos que sobrevivemos, que o tempo ajudou, que eventualmente passou. Mas enquanto não passa é uma merda! 

O problema de nos embriagarmos com a ideia de amor é a puta da ressaca. E sim, chamo-lhe puta e madrasta e todos os outros nomes que houver no dicionário porque é isso que ela é. O desmame do amor é das coisas mais violentas pela qual se pode passar. A desconstrução de tudo aquilo que sentimos é um processo de reinvenção do qual nem todos somos capazes. Muitos perdem-se no que poderia ter sido, na hipotese. Mas não temos como mudar o passado. Não podemos mudar as nossas escolhas depois de sabermos o resultado. Não podemos viver de "e de?". Porque infelizmente não podemos programar a nossa vida para o melhor resultado possível. Seremos sempre escravos das nossas escolhas e das suas consequências. Resta-nos apenas aprender com elas, aprender a aceitar.

E nada de bom pode acontecer enquanto não deixarmos o passado para trás. Para que possa acontecer temos de libertar espaço em nós que é ocupado por aquilo que já não interessa. Parte de nós a decisão de abandonar tudo aquilo que já não nos faz bem. A decisão de ir ou de ficar, parte sempre de nós e nunca dos outros porque as amarras dentro de nós mesmos precisam de ser quebradas por de dentro. É é difícil. É difícil ficar com o vazio. O eco do falhanço em nós, mesmo que depois venha a ser preenchido por algo melhor. Porque enquanto não o é, dói. Há toda a fragilidade de um ego magoada, a carência de uma alma... Mas faz parte do crescimento essa melindrança. É que o que não nos mata torna-nos mais fortes. Ainda que não o sintamos ou vejamos.

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