Dizem que maturidade é saber o que dizer, quando dizer, a quem dizer. Saber usar os filtros. Como se lidar com o outro fosse um jogo de tácticas apuradas para chegar ao resultado pretendido. Quase como uma manipulação pré-programada das emoções do outro. E é sempre mais seguro, a reacção é claro condicionada. Mas não será a verdadeira maturidade saber lidar com a honestidade e sinceridade? Saber encaixar a verdade do outro na realidade que somos. Sair da nossa perspectiva e ver para lá do nosso óbvio. Porque os outros não são iguais a nós. Nem têm de o ser. Eles existem. E existem dentro da sua imperfeição, com todas as suas dores de crescimento e cicatrizes. Com medos e receios, desejos e ensejos. E, não será melhor uma palavra sincera de quem abre o coração ao outro do que uma palavra calada de quem não tem liberdade de ser si próprio? Infelizmente parece que não. Porque crescemos na premissa errada de que os outros têm de ser aquilo que esperamos deles, que apenas tem direito a ter opiniões e medos próprios se corresponderem aquilo que consideramos validativo. E deitamos fora o original, o incomum, e tudo o que não cai dentro dos nossos padrões, porque não sabemos lidar com a diferença. Porque, neste mundo ao contrário, optamos pelo seguro e conhecido. Preferimo-nos como seres inacabados a aceitar aquilo que consideramos as falhas dos outros, só porque eles tiveram a ousadia de falar a sua cabeça. Por isso, não consigo deixar de me perguntar quantas oportunidades perdemos por não sabermos ouvir o outro. Quanto mais poderíamos ser se nos sentíssemos seguros a ser mais nos próprios do que aquilo que o outro presume que devêssemos ser. Mas somos maduros, adultos nas nossas escolhas... nesta semi-maturidade de quem acredita que a omissão ou a mentira é sempre a escolha mais apropriada. Mas, no fim, nenhuma delas nos traz de volta as oportunidades perdidas. Quanto a mim... eu prefiro perder a ser a verdade que sou do que ganhar com batotice algo que no seu âmago nunca seria verdadeiro. Porque o que não partilhamos não se dissipa, apenas nos consume até nada de nós verdadeiramente existir. Prefiro a infantilidade da minha alma perfeitamente imperfeita à capa de mulher segura do vazio que traz em si. E sim, poderia ganhar mais me calando. Mas ganharia perdendo. Perdendo-me a mim. Portanto, aceito a perda de quem não me vê na multiplicidade de pessoas que sou. E creio que não eu quem verdadeiramente perde.
sexta-feira, fevereiro 16, 2018
Perdas.
Dizem que maturidade é saber o que dizer, quando dizer, a quem dizer. Saber usar os filtros. Como se lidar com o outro fosse um jogo de tácticas apuradas para chegar ao resultado pretendido. Quase como uma manipulação pré-programada das emoções do outro. E é sempre mais seguro, a reacção é claro condicionada. Mas não será a verdadeira maturidade saber lidar com a honestidade e sinceridade? Saber encaixar a verdade do outro na realidade que somos. Sair da nossa perspectiva e ver para lá do nosso óbvio. Porque os outros não são iguais a nós. Nem têm de o ser. Eles existem. E existem dentro da sua imperfeição, com todas as suas dores de crescimento e cicatrizes. Com medos e receios, desejos e ensejos. E, não será melhor uma palavra sincera de quem abre o coração ao outro do que uma palavra calada de quem não tem liberdade de ser si próprio? Infelizmente parece que não. Porque crescemos na premissa errada de que os outros têm de ser aquilo que esperamos deles, que apenas tem direito a ter opiniões e medos próprios se corresponderem aquilo que consideramos validativo. E deitamos fora o original, o incomum, e tudo o que não cai dentro dos nossos padrões, porque não sabemos lidar com a diferença. Porque, neste mundo ao contrário, optamos pelo seguro e conhecido. Preferimo-nos como seres inacabados a aceitar aquilo que consideramos as falhas dos outros, só porque eles tiveram a ousadia de falar a sua cabeça. Por isso, não consigo deixar de me perguntar quantas oportunidades perdemos por não sabermos ouvir o outro. Quanto mais poderíamos ser se nos sentíssemos seguros a ser mais nos próprios do que aquilo que o outro presume que devêssemos ser. Mas somos maduros, adultos nas nossas escolhas... nesta semi-maturidade de quem acredita que a omissão ou a mentira é sempre a escolha mais apropriada. Mas, no fim, nenhuma delas nos traz de volta as oportunidades perdidas. Quanto a mim... eu prefiro perder a ser a verdade que sou do que ganhar com batotice algo que no seu âmago nunca seria verdadeiro. Porque o que não partilhamos não se dissipa, apenas nos consume até nada de nós verdadeiramente existir. Prefiro a infantilidade da minha alma perfeitamente imperfeita à capa de mulher segura do vazio que traz em si. E sim, poderia ganhar mais me calando. Mas ganharia perdendo. Perdendo-me a mim. Portanto, aceito a perda de quem não me vê na multiplicidade de pessoas que sou. E creio que não eu quem verdadeiramente perde.
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