"Amo-te" - disse-lhe. Um amo-te carregado de tristeza como se fosse o último a ser dito para todo sempre, como se mais nenhuma boca vez alguma ousasse proferir tal impropério, pois sabia que aquele morreria ali, dentro do seu peito.
"Amo-te" - disse-lhe. Com a voz subtil de quem se despede para nunca mais voltar, como se todas as viagens que pudesse fazer nunca a pudessem jamais trazer de volta. E era este mesmo exagero de emoção que a congelava e impedia de partir.
"Amo-te" - mas não lhe disse. Este guardou para si na estranha ideia que se pudesse proteger de um sentimento que só lhe podia fazer mal. Este era o derradeiro, aquele que encerrava todos os seus medos. Este ficaria trancado no lugar mais escuro que tinha dentro de si. Este pagaria por todos os outros que desperdiçara antes dele, pois este era tão criminoso como qualquer um deles.
"Amo-te" - mas não lhe disse. Na voz apenas havia o silêncio de quem não conseguia partilhar-se nem com mais uma palavra. Apenas lhe ficava o desconcerto do coração que punha em cada letra do que não dizia. E ainda assim, sem dizer nada sabia que lhe estava a dizer tudo.
1 comentário:
Lindo!
Amei... E disse.
Beijinhos de parabéns
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