... se a resposta à minha pergunta for não, entao prefiro não falar nisso e deixar o assunto morrer. Prefiro que as palavras morram antes de serem invocadas.
Podia invocar mil e uma razões para não fazer a pergunta que fiz.e podia invocar mil e uma razões mais para não me responderes. Sei que, por vezes, te ponho numa posição ingrata. Sei coisas que preferia não saber. Sei que te vou amar para sempre independente do resto. E gostava de saber que sentes o mesmo. Mesmo que no ritmo descompassado de dois corações desencontrados.
E sei. Sei que somos uma impossibilidade crónica. Quase como um grito mudo preso na garganta. Sei muito mais do que queria e muito menos do que desejava. Sei-nos de cor. Sei cada esquina e curva, porque nunca tivemos rectas. Nunca escrevemos por linhas certas.
E talvez seja apenas um capricho mimado e infantil da minha parte querer uma pequena fracção de verdade condicionada se ela for de encontro a este desencontro constante de almas... o querer um pouco mais de mim em ti. Até porque hoje não me apeteceu calar a vozinha que escondo no fundo do armário. Porque hoje ela ecoou um pouco mais alto. Porque hoje, num dia completamente igual a todos os outros, senti mais a falta da tua mão imaginária afagando-me o cabelo num gesto de partilha de algo que não sendo nada poderia ter sido tudo.
E se a resposta é seca e curta, então recuso-me a ouvi-la. Prefiro calar a voz que me aconchega nas noites mais longas, atirá-la para um canto e ficar a vê-la lá, a definhar com o passar do tempo. Prefiro o desconforto do dia-a-dia à morte súbita de todo o seu ser.
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