respostas a perguntas inexistentes (194)
sobre a decisão de Amar
O maior equívoco sobre o Amor é acreditar que ele acontece sem mais nem menos. Não acontece. O Amor é sempre uma decisão, tal como o é deixar de pôr açúcar no café, fazer uma viagem à América do Sul ou ficar a dormir num Domingo à tarde. Decidimos aquilo que vai modelar em grande parte os nossos dias, e normalmente as pessoas que andam sempre mal de Amor são aquelas a quem falta a coragem de tomar uma decisão.
O problemas das decisões é que nem sempre estão certas, e isso deve-se à nossa condição humana. Errar é humano, dizem. Pois nesse aspecto eu devo ser o mais humanos de todos. Passei a vida a tomar decisões erradas das quais, no entanto, não me arrependo. Foram decisões que, apesar de tudo, me foram permitindo Amar. É verdade que talvez tenha tomado algumas decisões menos boas porque, em vez da solidão, sempre fui preferindo os Amores possíveis. À falta de melhor era por eles que me decidia. Ainda bem que o fiz, no entanto, pois foi com eles que aprendi isso mesmo: que o Amor é uma decisão.
Sempre que me acreditava apaixonado por alguém, o meu primeiro pensamento era o de ter esse Amor que estava ali à mão de semear. Foi assim toda a vida, e só percebi esse meu grande erro quando me apaixonei pela Raquel. Quero que este Amor me tenha, pensei. Nessa noite ela ensinou-me que o Amor é maior do que eu e tomei a decisão de a Amar.
A diferença entre um Amor que temos, por muito bom que seja, e um Amor que nos tem a nós, tem exactamente a ver com a capacidade de decidir sobre ele. Perdemos o controle sobre tudo o que nos tem a nós e, por isso, também a capacidade de decidir o seu fim. É que o fim de um Amor também é sempre uma decisão.
Percebem?
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