Do nihil, tudo
Será perfeito quando entenderes o meu silêncio. Quando te sentires seguro com o que não digo. Não sou as minhas palavras. Pelo contrário, confundo-me e emaranho-me nelas, suturam-me, enleiam-me, trespassam-me e, no fundo, tiram-me o que te pertencia, o meu estar. É assim que amo, estando. Não perguntes, não invadas, não procures, recebe-me como me entrego, calada mas tua. De cada vez que pouso a cabeça em ti estou a amar-te. De cada vez que estendo a ti a minha mão, que o teu corpo é uma avenida para os meus dedos, de cada vez que, deitada sobre ti adormeço, estou a amar-te mais que o que estaria se, perdidos em conversas, políssemos, lapidássemos as nossas toscas vidas. O momento, o grande momento é quando te encontro e nada mais interessa, apenas tu, nós, estando, quando te olho e percebo que no momento existimos e que podemos continuar ou parar mas que nos pertencemos no único agora que possuímos, aquele em que nos apercebemos de nós juntos e o celebramos, apartados das trivialidades, conscientes da união.
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