Um crime, ou talvez mais. O assassino? Pode ser qualquer uma das três personagens que brincam ao jogo do gato e do rato, numa intriga enigmática. No centro do enredo, a manipulação controla não só as palavras, como as próprias consciências. O espectador agarra-se à cadeira, num crescendo de suspense, tensão e medo. "É um crime perfeito", diz Juvenal Garcês, encenador da peça "A Arte do Crime, de Richard Harris, em cena do Teatro-Estúdio Mário Viegas, em Lisboa, desde 27 de Novembro.
O espectáculo começa com a chega do inspector-chefe Vasco Machado (Simão Rubim) ao apartamento do nervoso e atrapalhado senhor Rocha (Emanuel Arada), para tentar encontrar o seu filho que anda, aparentemente, envolvido num negócio de drogas. O arrogante inspector proporciona imediatamente bons momentos de comédia, ao criar piadas sobre si próprio. [...] Entretanto, a escritora e argumentista de sucesso, Diana Galvão (vanessa Agapito) chega a casa do senhor Rocha para ver a sua esposa, Helena, que escreveu um guião policial. Helena está no quarto, resta-lhe apenas alguns meses de vida, e enquanto se prepara, o senhor Rocha conversa com Diana.
[...]
No jogo do rato e do gato, quem é o predador? O crime já aconteceu ou vai acontecer? E se já aconteceu, pode ser parado? E quem é, exactamente, o assassino? A solução a estas e a muitas outras questões só é desvendada no final da peça. A única coisa que se sabe é que estão todos ligados à arte do crime. O resto, tenta-se adivinhar. Missão desde já complicada porque o que parece num certo minuto, muda logo no seguinte.
"Já com o Mário Viegas queríamos apresentar um policial. A construção de um espectáculo desde tipo é extremamente complicado e só agora é que achei que tinha maturidade, como encenador, para o fazer", diz Juvenal Garcês. Na adaptação da Companhia Teatral do Chiado, o enredo desenrola-se nos subúrbios de Lisboa, onde tudo é possivel, apesar do texto original se situar em Londres. O cenário convida a entrar no apartamento do senhor Rocha, o espaço onde a peripécia se desenrola. A música, tipica dos filmes policiais, acompanha o mistério.
Apesar do drama policial não ser um género muito representado nos palcos portugueses de teatro, Juvenal Garcês resolveu aventurar-se com uma peça que considera de "construção perfeita", com "três personagens muito bem delineadas" e muitos elementos Shakespearianos à mistura".
À data de estreia de "A Arte do Crime", no original "The Business of Murder", em 1981, o escritor britânico de televisão Richard Harris recebeu muitos aplausos da crítica. Após nove anos em cena nos teatros do West End, em Londres, "A Arte do Crime" chega a Portugal.
(In)confidência: Adorei a peça!! É realmente muito boa!! Aconselho vivamente a irem ver!!
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