Desenganem-se todos aqueles que acreditam que alguém tem medo de voltar a amar só porque se magoou numa relação anterior. Não há medo de amar. Há é medo de nos magoarmos novamente, de dar errado, de nos iludirmos, de partirmos a cara, de sofrer, de investir coração em algo que pode não dar em nada.
Transformamo-nos em estrategas no jogo, para nunca corrermos o risco de nos perdermos de amor. E mais tarde, aceitamos relações medíocres com medo de ficarmos sozinhos. Vivemos numa quase felicidade sempre à espera que melhore. Porque não temos coragem para sair, para deitar fora o tempo que já investimos. E prendemo-nos à pessoa errada, ficando num sítio que não é nosso. Onde não pertencemos nem nunca iremos pertencer. Demoramo-nos lá com receio do incerto. Preferimos nos contentar. Preferimos menos à (aquilo que crermos ser a) possibilidade do nada. Mas nada já é o que realmente temos, porque nunca seremos felizes dessa forma. A quase felicidade é o pior tipo de tristeza, porque somos tristes sem o saber. Vivemos agarrados a uma ideia de que vai melhorar e ficamos presos a algo que simplesmente nunca se irá concretizar. E no caminho, perdemos todo o nosso amor-próprio sem nunca sermos valorizados pelo o que realmente somos.
Ás vezes, também é necessário aceitar um tempo de calma e solidão no coração, para dar lugar a que o que realmente importa o preencha.
domingo, outubro 20, 2019
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