Ela tinha aquele olhar que lhe lia a alma, que o deixava completamente despido perante ela. E isso intrigava-o. Nunca ninguém o tinha deixado assim. E não sabia nada sobre ela... Apenas que, quando se olhavam, a distância não existia, ainda que apenas por meros segundos - que era quanto duravam aqueles cruzares de olhar. Era tudo um instante, que passava depressa demais. E o amanhã era apenas um desejo de a ver novamente, de se despir nela... uma e outra vez. E a noite era a possibilidade de talvez sonhar com ela e a ter mais perto. De encurtar o mundo e o tempo. De saber mais. Já que não tinha coragem de se oferecer, de a conhecer. Pois, não sabia que lhe poderia dizer. Ela já sabia tudo sobre ele. Ainda que não o soubesse. Ela via-o, cada vez que se olhavam. E todas as palavras que pudesse dizer-lhe seriam meros arredondamentos do óbvio. Já que tudo era dito de cada vez que olhava para ela. Não haveria palavra mais verdadeira do que aquelas que já partilhara com ela no silêncio do olhar. E muito provavelmente faltar-lhe-ia a coragem e a voz para lhe falar. Para lhe dizer. Para se mostrar. Portanto, como poderia ele apresentar-se a alguém de quem nada sabia mas que já o conhecia tão bem?
quarta-feira, dezembro 26, 2018
Olhares
Ela tinha aquele olhar que lhe lia a alma, que o deixava completamente despido perante ela. E isso intrigava-o. Nunca ninguém o tinha deixado assim. E não sabia nada sobre ela... Apenas que, quando se olhavam, a distância não existia, ainda que apenas por meros segundos - que era quanto duravam aqueles cruzares de olhar. Era tudo um instante, que passava depressa demais. E o amanhã era apenas um desejo de a ver novamente, de se despir nela... uma e outra vez. E a noite era a possibilidade de talvez sonhar com ela e a ter mais perto. De encurtar o mundo e o tempo. De saber mais. Já que não tinha coragem de se oferecer, de a conhecer. Pois, não sabia que lhe poderia dizer. Ela já sabia tudo sobre ele. Ainda que não o soubesse. Ela via-o, cada vez que se olhavam. E todas as palavras que pudesse dizer-lhe seriam meros arredondamentos do óbvio. Já que tudo era dito de cada vez que olhava para ela. Não haveria palavra mais verdadeira do que aquelas que já partilhara com ela no silêncio do olhar. E muito provavelmente faltar-lhe-ia a coragem e a voz para lhe falar. Para lhe dizer. Para se mostrar. Portanto, como poderia ele apresentar-se a alguém de quem nada sabia mas que já o conhecia tão bem?
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