Nunca fora mais bela do que naquele preciso momento enquanto dormia. Não sabia precisar quando acontecera, mas soube naquele momento aquilo que nunca quis admitir. Era ela. Sempre fora ela. Mesmo quando ainda não se conheciam, ela já estava destinada a ser sua. E o mais estranho é que nunca fora de acreditar nesse tipo de coisas. Até ela. Pois ela tinha sido a sua especie de epifania pessoal. Com ela tudo mudara. E a sua compreensão do mundo tinha se irrevogavelmente alterado. E ela nem sequer tinha precisado de fazer nada. Apenas estar. Como agora, ali, deitada a seu lado, numa noite como qualquer outra. Apenas isso e ele sentia a certeza de toda uma vida com ela. E perguntava-se se naquele momento ela também estaria a sonhar com ele. Desejava-o profudamente. Desejava que ela sonhasse com ele tal como ele sonhava com ela ainda que acordado. E imaginava-a a acordar e a perguntar-lhe em que é que estava a pensar, como tantas outras vezes o fez, e em como poderia ele lhe dizer tudo o que lhe ia tão dentro. Sabia que eventualmente acabaria por lhe dizer nada, não tinha em si as palavras que lhe fizessem sentido, ou talvez as tivesse mas sabia que era cedo demais não para as dizer mas para ela as ouvir, não que ela não as merecesse mas sim porque a podia afugentar com as certezas do futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário