sexta-feira, novembro 12, 2010

No meu sofá ou no teu?


É engraçado como por vezes somos assolados por memória longiquas, que nem sabiamos onde estavam... quase como fotografias que ficam guardadas no fundo da gaveta sem que ninguém dê por elas.

Hoje lembrei-me de algo que guardo com muito carinho... não sei que idade tinha, mas não devia ter mais de 7/8 anos, porque ainda não sabia ler. Lembro-me de mim, pequenina, cabelo à Beatriz Costa, deitada no sofá com a minha mãe, numa noite qualquer... víamos um filme e ela lia-me carinhosamente as legendas. Lá se distraía uma vez ou outra e parava de ler, e eu lá lhe pedia para continuar em gesto de refilanço. Lembro-me carinhosamente da sua paciência para comigo. E lembro-me de todos os dias acordar na minha cama quando todas as noites adormecia no sofá. Não o sabia na altura mas, ela foi o meu primeiro amor (e ainda o é, independentemente de todas as discussões que possamos ter... porque agora que cresci percebi que todas as relações são disfuncionais). Um amor puro. E um amor só meu, porque ninguém a amaria ou amará mais do que eu.

E lembro-me de fazer o mesmo, já mais velha, com o meu segundo amor. Lembro-me de mim, alta e esguia, ainda com o cabelo à Beatriz Costa (o quê? Era moda na altura!!), dos meus 10/11 anos, sentado no sofá, um outro sofá, aler em voz alta as legendas de um filme para os meus avós, que nunca tiveram a oportunidade aprender a ler. Lembro-me de o fazer com carinho e de, muitas vezes, ser eu a oferecer-me para tal. E o mais engraçado é que ainda o faço. Normalmente no Natal, que é quando lá estou em casa a ver televisão. E este meu gesto enche-me o coração de alegria e satisfação, mais até do que qualquer presente que possa receber.

E agora que recuo no tempo, lembro-me também que foi num sofá, o primeiro sofá, que dei realmente o meu primeiro beijo. É certo que já tinha beijado antes, mas não assim... o meu primeiro beijo ao meu primeiro namorado... E não é que o meu primeiro beijo ao meu segundo namorado também foi num sofá?! Não o mesmo, mas outro. Não deixo de me perguntar se todos os meus amores estão condenados a começar algures num sofá?! Sei que não, mas tem piada uma retrospectiva sentada no meu sofá a ver televisão onde passam imagens da minha vida, como frames de fotografias presentes na nossa sala ou em cada canto de nós.

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