Sabes onde eu vejo que sou realmente estúpida? Em não ser capaz de dizer “Acabou” porque sei que se o fizer tu vais dizer “Está bem, se é isso que queres” e não vais agir como alguém apaixonado e dizer “Não faças isso. Eu amo-te. Não me deixes. Nós temos tudo para dar certo. Vai dar certo, prometo. Não desistas de nós. Dá-me mais uma oportunidade para te fazer feliz, eu sei que sou capaz. És a mulher da minha vida. Não consigo, nem quero, imaginar a minha vida sem ti”. Eu sei que não correrás atrás de mim. Basta eu dizer “Não me fazes feliz” e tu deixas-me, em vez de lutares por isso, de lutares por nós. Não acabo com medo que acabe mesmo, com medo que não corras atrás de mim. Não é estúpido? Não acabo com a esperança de um dia venhas gostar de mim da maneira que eu gosto de ti. E até lá? E se o lá nunca chegar? Sou estúpida porque fico contigo quando sei que não me amas da mesma forma, quando sei que o que eu sinto é muito mais intenso... e entristece-me profundamente. Como é que eu fui me deixar apaixonar assim por alguém depois de tudo o que eu passei? Quando jurei a mim mesma que não iria deixar isso acontecer! Porque não me amas? Porque não me amas perdidamente? Porque não me amas intensamente? Porque é que quando me beijas não sentes que quase perdes os sentidos? Como és capaz de não sentir a necessidade de ouvir a minha voz, de me dar a mão, de me dar um beijo? Como és capaz de me desprezar assim quando eu te amo? Como és capaz de não me corresponder da mesma forma? Como fui eu capaz de me deixar arrebatar assim? Como fui capaz de baixar as minhas defesas e deixar-te entrar dentro de mim? Tu és feliz sem mim. Tu não precisas de mim para ser feliz. E se assim o é, então nós não fazemos sentido. O tempo transformou-se numa mera convenção. Ele deixou de ter qualquer significado. Eu dei-me a ti! Porquê? Porque fiz eu isso? Porquê? Porque quebrei aquilo em que acredito? Porque não esperei para ver se merecias? Porque não ouvi eu a razão que me dizia para ter cuidado, para te ensinar a dar valor? Tiveste-me ao estalar os dedos. Sou uma marioneta nas tuas mãos. Tens-me nas tuas mãos. Sou um brinquedo do qual te cansarás e quando passar o factor novidade ficarei na prateleira como os outros. Tens-me como certa, como garantida. Não lutas por mim ou por nós, não tentas provar que me mereces. Ages de uma maneira prepotente e arrogante ao assumir que estou aqui e sou tua. E se outro aparecer e isso mexer comigo? Vais deixar simplesmente? Não sou importante o suficiente para lutares por mim? Serei assim tão insignificante que não tens medo de me perder? Se me amasses, saberias. Se me amasses entenderias tudo isto de que falo. Se me amasses terias medo. Já reparaste que é quando eu mais preciso de ti que tu não estás?! Mas como é que eu posso acabar algo que supostamente ainda nem começou?!
Excerto de uma vida por contar
Excerto de uma vida por contar
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