Às vezes, sinto-me velha por dentro… parece que carrego o peso dos anos, quase como um amontoar de mobílias velhas num quarto desorganizado escuro e sombrio, naquela que se vislumbra já ser a recta final. Olho e apenas vejo as rugas dos sentimentos fazendo marcas vincadas num corpo que jaz, ali, inanimado, como se de uma carcaça velha e putrefacta se tratasse. Sentimentos esses que funcionam como cordas e amarras e cadeados e grades, que não permitem o mais leve suspiro, e que sugam qualquer resquício de jovialidade ainda presente. Presa nos fragmentos do que poderia ter sido e no estilhaçar dos sonhos que não passaram deles mesmos, assim me encontro perdida.
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