Quando faltam dez dias para a cerimónia de atribuição dos Oscars, chega mais um forte candidato às estatuetas deste ano. "O leitor", de Stephen Daldry, estreia esta quinta-feira em Portugal, com Kate Winslet em destaque.
Nas semanas que antecedem a cerimónia de entrega dos Oscars, que, neste ano, decorre na noite do próximo dia 22, os distribuidores de cinema, entre nós como em todo o resto do Mundo, vão estreando, semana a semana, os principais candidatos do ano, tentando que cada um desses filmes, potencialmente os melhores da temporada, que, nos Estados Unidos, terminou a 31 de Dezembro, não se acotovelem no mercado.
Nessa estratégia, que se compreende, sobretudo por facilitar a vida aos apreciadores de bom cinema, cabe, nesta semana, a vez da estreia de "O leitor", candidato a cinco Oscars de Hollywood, nas categorias de Melhor Filme, Realizador, Argumento Adaptado, Actriz e Fotografia.
Atendendo à vitória de Kate Winslet na categoria de interpretação feminina, algo que repetiu uns dias depois nos Prémios BAFTA, os "Oscars" da indústria britânica, de onde vêm alguns dos principais criativos do filme, é bem possível que pelo menos a actriz coloque este filme no palmarés dos vencedores, perante uma concorrência muito forte e que, todos os dados assim o indicam, irá acabar por privilegiar um filme de um outro cineasta britânico, o Danny Boyle de "Quem quer ser bilionário?".
"O leitor" baseia-se num romance do escritor alemão Bernhard Schlink, nascido em 1944 e filho de um reputado teólogo luterano. Dois factos que poderão ser irrelevantes, mas não o parecem ser, face ao tema e ao tratamento dado à história que idealizou. O filme, estruturado em diversas camadas cronológicas, centra-se basicamente na relação amorosa entre um jovem adolescente e uma mulher muito mais velha do que ele, na Alemanha do pós-guerra, e no choque que ele tem quando, anos mais tarde, sem nunca mais a ter visto, e no âmbito dos estudos de Direito que segue, a descobre no tribunal, a defender-se a ela própria de crimes cometidos durante a guerra enquanto guarda prisional.
Aliás, é curioso que, baseado no mesmo escritor, tenha surgido também no ano passado, outro filme, "The other man", também realizado por um britânico, Richard Eyre, com Antonio Banderas no protagonista, em que um homem desconfia que a esposa é adúltera e parte à descoberta do outro homem na vida dela. Fica-se, assim, com uma ideia mais correcta do âmbito de "O leitor" - cabe a si, leitor destas linhas, descobrir depois porque razão assim se chama o filme.
É que, apesar de ser "mais" um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, "O leitor" é, sobretudo, um estudo sobre as relações humanas, sobre o que sabemos e o que nunca saberemos sobre o outro. A esse nível, o trabalho de David Hare (já nomeado para os Oscars pela adaptação de "As horas") e de Stephen Daldry ("Billy Elliott", "As horas") é notável, do ponto de vista do rigor e da sensibilidade.
Tendo já descoberto Jamie Bell, o futuro Tintim de Spielberg e Peter Jackson, em "Billy Elliot", então com apenas 14 anos, Daldry dá-nos a conhecer, agora, David Kross, um actor alemão de 18 anos que ocupa uma parte do filme, na personagem mais tarde defendida, com a habitual contenção crispada por Ralph Fiennes, a contracenar com Kate Winslet, cada vez mais uma actriz de corpo inteiro e que pode ter com este filme, tudo o indica, a maior consagração a que uma actriz de cinema pode aspirar..
in JN online, 12-02-2009
(In)confidência: Adorei o filme!!! Mais uma vez um filme que versa sobre o nazismo mas, desta vez, numa forma mais soft, porque o centro do filme não é essa questão mas uma relação entre um miúdo e uma mulher mais nova, o seu primeiro amor e a forma como isso afectou o resto da sua vida...
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