terça-feira, fevereiro 28, 2006

Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor


Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele. Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.
Marguerite Duras, in 'Mundo Exterior '

É propriedade do amor o ser violento; e é propriedade da violência o não durar. O amor acaba-se em nós, não por nossa vontade, mas porque tem por natureza o acabar; e ainda que tudo há-de acabar connosco, nem tudo espera por nós. Quando amamos, é por força, porque a fermosura que nos inclina, nos vence; e também é por força quando não amamos; porque uma vez rotos os laços, ficamos de tal sorte livres, que ainda que queiramos, não podemos tornar a eles; e assim não está na nossa mão o não amar, nem também o amar; o coração por si mesmo se acende, e entibiece; nós, não o podemos inflamar, nem extinguir-lhe o ardor.
Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'

Fecha os olhos e deixa-te levar. Permite-te ser meu. Esquece o mundo. Esquece tudo o que se passa lá fora. Os homens do tempo á muito que deixaram de nos controlar... E aqui somos livres dentro de nós próprios. E tudo o que vivemos torna-nos completos. Deixa-me ser tua. Permite-me...

Amor ou Posse?

O nosso «amor pelo próximo» não será o desejo imperioso de uma nova propriedade? E não sucede o mesmo com o nosso amor pela ciênica, pela verdade? E, mais geralmente, com todos os desejos de novidade? Cansamo-nos pouco a pouco do antigo, do que possuímos com certeza, temos ainda necessidade de estender as mãos; mesmo a mais bela paisagem, quando vivemos diante dela mais de três meses, deixa de nos poder agradar, qualquer margem distante nos atrai mais: geralmente uma posse reduz-se com o uso. O prazer que tiramos a nós próprios procura manter-se, transformando sempre qualquer nova coisa em nós próprios; é precisamente a isso que se chama possuir.
Cansar-se de uma posse é cansar-se de si próprio. (Pode-se também sofrer com o excesso; à necessidade de deitar fora, pode assim atribuir-se o nome lisonjeiro de «amor). Quando vemos sofrer uma pessoa aproveitamos de bom grado essa ocasião que se oferece de nos apoderarmos dela; é o que faz o homem caridoso, o indivíduo complacente; chama também «amor» a este desejo de uma nova posse que despertou na sua alma e tem prazer nisso como diante do apelo de uma nova conquista. Mas é o amor de sexo para sexo que se revela mais nitidamente como um desejo de posse: aquele que ama quer ser possuidor exclusivo da pessoa que deseja, quer ter um poder absoluto tanto sobre a sua alma como sobre o seu corpo, quer ser amado unicamente, instalar-se e reinar na outra alma como o mais alto e o mais desejável.
Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'

Não aguento mais...

Não aguento mais ter que representar sem ficar contigo de verdade, sem te poder ter nos braços e sentir-te minha. Um dia, juro não me conter e, aí, roubar-te-ei um beijo e nada poderás fazer. A verdade é que me sinto como o pinóquio, que sempre quis ser um menino de verdade. Deixa que o meu sonho se concretize e sê o meu sonho, sê toda a minha alegria, sê toda a minha vida. Amo-te, mais do que possas imaginar ou que te possa sequer expressar em palavras

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O dia dos namorados


Digam o que disserem sobre este dia, ele será sempre o dia dos namorados. E terá em si sempre o mesmo sentimento subjacente. Podem dizer que é apenas mais um dia, que não é este dia que interessa mas sim todos os outros... e eu posso até concordar. Podem dizer que é uma data comercial, mas é exactamente como o dia da mãe ou do pai. Este dia apenas existem para fazer um elogio ao amor, para fazer com que nos lembremos que devemos mimar as nossas caras-metades... por vezes andamos tão embrenhados na vida do dia a dia, nos problemas, que nos esquecemos de quem está lá sempre para nós... esquecemos nos das pessoas que nos ajudam a levantar quando as coisas não correm como queríamos, os nossos portos de abrigo, aquelas para quem corremos ou queremos correr, aquelas que nos refugiam... É para isso que este dia existe. Seja com as flores, as cartas de amor ridículas, as prendas, as lamechices, as juras... seja como for o que importa é demonstrar o que sentimos e que por vezes nos é difícil fazer. Posso ser uma romântica incurável mas não me importo porque a verdade e que o amor cura tudo... E se não tiverem namorado ou por algum motivo não poderem estar com ele, façam como eu, façam o vosso elogio ao amor, deitem-se no sofá de pijama e pantufas vejam um bom filme e devorem uma caixa de chocolates.

domingo, fevereiro 12, 2006



Terá sido a pressa de chegar às aulas ??

Match point

"Match Point", de Woody Allen, estreou na passada quinta-feira nos cinemas portugueses. Desta vez, o realizador nova-iorquino escolheu Londres para mostrar “o papel que o amor tem nas nossas vidas”. Admito que fui vê-lo com um certo cepticismo porque não gosto do realizador mas acabei por ser supreendida pelo seu final. No final de tudo, é sempre uma questão de sorte.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006


Percorrendo os corredores da faculdade dou comigo sempre no mesmo sitio... sinto-me a imagem dos azulejos de que tanto gosto e fito do corredor suspenso a caminho da biblioteca, como se de uma porta de exit se tratasse. Aquela imagem de olhos vendados transparece a essência de todos os alunos que cruzaram os mesmos corredores, frequentaram as mesmas aulas e não ouviram os mesmos professores... por muito diferentes que sejam, já deram por si, perdidos, ali no meio, sem saber o que ali faziam e sem saber para onde ir... deram por si sem destino. Deram por si, como se vendados tivessem... como se aquela imagem fossem eles mesmos.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Elogio ao amor por Miguel Esteves Cardoso


"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito o que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor,a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

A palavra

Qd a palavra é o q faz o mundo girar, só mm a indiferença é +forte... a retórica há mto q deixou de ser(se é q alguma vez o foi) 1instrumento da verdade...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Para ti


Para ti, o meu tempo... porque és o meu lugar favorito.

Quem és tu?


Quem és tu que olhas da janela com esses olhos fitos cravados de mar?
Quem és tu que me olha como se de um espelho me tratasse, tentando incessantemente encontrar as rugas que a vida te provocou com as mãos gastas do tempo?
Quem és tu por baixo do manto que te cobre e esconde, não permitindo que nós, resquícios de luz, entremos e procuremos o lugar que nos pertence?
Quem és tu ser imaginário e controlado, pedaço de mim e pedaço de vida ainda por escrever?
És eu? Quem és tu?
És a porta que se fecha e me encerra trás dela. És a redoma que me toma e transforma no que não reconheço. És o fim daquilo que eu nem sei bem o inicio.
Mas és eu? Quem és tu?
És a penumbra da sombra que me atravessa. És o pensamento solto perdido e rasgado pelas memórias dos tempos áureos que já passaram. És o estranho que se cruza comigo em cada esquina do meu caminho
Talvez eu? Quem és tu?
És o livro de palavras complicadas que não percebo mas insisto em ler. És a razão da loucura que serena na minha cama. És quem dorme ao meu lado quando as insónias incontroláveis me possuem.
Como posso ser eu? Quem és tu?
És o grito mudo que berra no silêncio de todos aqueles que me ouvem. És a estante atafulhada no meio da sala da casa que não sinto minha. És tudo aquilo que eu preferia que não fosses.
Serei mesmo eu? Quem és tu?
És a crítica por detrás do sarcasmo dissimulado que alguém ousou dizer. És o molde da escultura bela que nunca foi concretizada. És definitivamente o estar longe de estar perto do que desejo.
Sou eu... sem artifícios. Sou eu... este circo de emoções que se cruzam e me desorientam. Sou eu... mas podias ser tu.
No fundo, sou o bloco de notas que trago no bolso e a caneta já sem tinta a seu lado. Sou o tempo corroído pelo relógio quando as horas já não existem e os minutos são escassos. Sou os jeans velhos desbotados e ruços de tantas esperas na soalheira da tua porta da frente.
Sou eu mas... podias ser tu... ou quem sabe outra pessoa...

A vida



“Não sigas caminhos feitos. Cria o teu próprio caminho e deixa um trilho”
É estranho sentir que o chão nos foge mesmo debaixo dos nossos pés, sentir que o nosso mundo está a desvanescer por entre os dedos da nossa mão. Sensação estranha essa de que o que fora outrora já não o é mais. E tudo por que lutámos no final não foi nada. É difícil lidar com essa sensação. É amedrontante saber que temos de começar de novo, de saber que nada nos resta. E no fim de tudo (ou no ínicio) questionamo-nos: “Afinal porque estamos assim?”. E embora nos custe, tentamos recomeçar. A sede de viver leva-nos a isso e a fome de conhecer guia-nos por entre os caminhos (por vezes um pouco mordazes) da vida, da nossa vida. Mas as encruzilhadas são uma realidade e o nosso medo também o é. O medo de falhar. O medo de ter de começar de novo. Não sabemos o que esperar nem da vida nem dos outros. Ninguém conhece ninguém e na maior parte das vezes nem podemos dizer que nos conhecemos a nós próprios. É estranha a sensação de sentir que não conhecemos, de não saber. É estranho procurar algo sem saber bem o quê. Sensação estranha essa a de querermos atingir uma meta sem sabermos onde ela se encontra.
Mas o que podemos fazer perante tudo isto? Devemos nos sentar à espera daquilo que poderemos chamar destino? Devemos nos resignar com o que nos aparece? E se quisermos mais do que temos? Supostamente devemos lutar pelos nossos príncipios, pelos nosso sonhos. Mas e se o medo de falhar de novo nos impedir? E se o chão nos fugir mais uma vez? Será justo esse medo nos impedir de viver? Não devemos deixar de tentar por já termos falhado uma vez. Aliás, esse é mais um motivo para tentarmos de novo. Devemos provar a nós mesmos que somos capazes. O destino? O destino somos nós que o fazemos. Podem haver coisas pré-designadas mas só sabemos como reagir a elas, porque todos somos diferentes e ninguém pensa e age da mesma maneira. Pode ser estranho. E é. Mas porque é que é estranho? É estranho porque é diferente. E as pessoas têm tendência a rejeitar o que é estranho. Mas se se repetir deixará de ser estranho e não terá tanto impacto. Então porque não voltar a tentar se já perdemos o que tínhamos? O que podemos perder agora? Porque teimamos em não viver? Em rejeitar o desconhecido?

gosto

gosto de me perder no tempo e voltar ao passado. gosto de o deixar emergir do fundo da gaveta. gosto que ele se apodere do resto de mim. gosto que ele me tome e se torne presente. nao gosto de gostar. perigoso esse jogo de gostar...